sexta-feira, 25 de maio de 2012

NUMA SEXTA-FEIRA DE OUTONO

    

      Meia tarde de uma sexta-feira de outono. Pelo vão de uma janela  assistia,  sem  qualquer interesse, o vento norte balançar  os grande leques de  folhas  de um enorme  guarapuvu. O céu estava limpo e azul  como a superfície de um cristal. Apesar do desconforto que sentia, o cansaço e o burburinho que reinava no recinto lotado me deixava entorpecido, e talvez adormecesse se não fosse uma voz estranha e grave que soou como à queima roupa: "Dá licença?"  
      Era um senhor apoiado numa bengala de metal. Cedi-lhe um lugar no banco, afastando-me um pouco. Sentou-se com uma certa dificuldade.
     -A gente, quando é velho não é fácil...
     -Ora...
      Acomodado, deu uma olhada ao redor.
     -Tá cheio... Faz tempo que esta aí?
     -Desde as dez da manhã.
     A minha cabeça latejava. O sol penetrava pelo vidro da janela alta e oval, e não restava lugar desocupado para evitá-lo. Além do mais, estava preocupado. Ao entrar na cidade, fui parado numa barreira  policial. Dois soldados da brigada faziam abordagem. Enquanto passava os documentos do veículo ao policial, perguntei-lhe se sabia me informar onde estavam... "Identidade não é preciso. Carteira de habilitação, por favor." "Ah, a carteira..." E procura daqui, procura dali, vasculhei na carteira de couro, nos bolsos da calça, da camisa, no porta-luva da camioneta, no vão entre os bancos; encontrei documentos, notas fiscais, recibos, extratos de banco, cartões de lojas, de banco, de telefone, pedaços de papéis com anotações mais diversas, mas a dita- cuja, nada. "Tanto papel, e o documento que interessa, nem pensar."
     O militar, alto e moreno, atrás dos grande óculos escuros, fez uma cara séria.
    -Olha, eu vim aqui pelo motivo que lhe falei, e trouxe meu tio, e na pressa devo ter esquecido de pegar a carteira, que ainda esta na validade.
     O soldado olhou  para o interior do veículo, observou o ancião, pensou um pouco, e pediu-me a identidade. 
     -Vou conferir mais tarde.
     Olhou mais uma vez para a placa do veículo (pois já havia feito anotação enquanto se aproximava). Devolveu-me a RG, e me liberou.
     -Segue até  a rótula, e dobre à direita. Três quadras adiante, é lá...
      Agradeci. Entrei no veículo, e segui.
     -Como esta quente aqui - disse-me o senhor sentado a meu lado, puxando a roupa com os dedos, numa  tentativa para melhor ventilar.
     -É...
     Notei que ele usava colete de lã marrom sobre uma camisa escura de manga comprida. Vestia calça social preta de linho, sapatos de cadarços e meias também pretas. No assoalho, junto aos pés, largara a bengala, com a ponteira de borracha apontando para  frente, sob o banco dianteiro. Devia beirar uns 70 anos, estatura média, cabelo grisalho, rente à nuca. Bigode curto e volumoso, olhos cor de terra, miúdos e irrequietos. Possuía o ventre um pouco avantajado. De perfil, dava a impressão de tratar-se de um policial aposentado.
    -Mora aonde? - me perguntou.
    -Sou de Jetiá.
    -Ah. Mora na cidade?
    -Sim.
   -Tenho parentes e propriedades por lá. Conhece fulano? E sicrano? (Balanço afirmativamente a cabeça.) O pai deles é meu primo. Uma família muito grande. Beltrano, seu filho, que é meu xará, e que hoje esta quebrado, me deve muito dinheiro. Eu tinha uma poupança num banco, e foi tudo pra ele. Mas não me importo. Não me faz falta. Estou passando os meus bens pros filhos e netos. Já tenho minha casa que mandei fazer no cemitério... (Olha-me de esguelha.) Deus deve ter existido... Mas não existe mais. O bem e o mal esta dentro da gente. Tudo que se faz, se paga. Eu tô pagando. Sou criminoso de seis mortes. O primeiro delito que cometi foi quando eu estava servindo o quartel em Alegrete. Era uma noite escura, em 1959. Dois marginais saíram de uns tubos de bueiro, e me atacaram. Era matar ou morrer. Eu estava armado e matei os dois. Não deu nada. Eu era cabo-enfermeiro e peixe do comandante do batalhão. O último que matei foi há pouco tempo aqui na cidade. Ele estava dentro do meu galinheiro. Saiu arrastado com um balim no pulmão, e foi morrer no hospital.
    -Algum de seus mortos lhe pesa?
    -Nenhum. Só matei o que não prestava. E o que não presta tem que morrer. Tá vendo aquele homem lá, de jaqueta preta, sentado na cadeira? (Aponta com a cabeça para um senhor já grisalho, de frente para o público.)
    -Sim.
    -Aquele matou o pai dele com uma paulada na cabeça. O velho não prestava. Bebia e incomodava a família. Não deu nada pro filho. Matou o que não prestava... (Faz uma pausa, suspira. Não de pesar, mas para tomar fôlego.) Não tenho medo de assombração. Sou excomungado do ventre. Nasci com seis meses. Meu padrinho foi um padre. Excomungado e protegido. Tenho armas. Mas tudo registrado.  Gosto de caçar, e de pescar. Ensinei muita gente da polícia a caçar. Derrubo uma marreca no vôo e um lebrão na corrida. Nunca errei um tiro. Delegado e sargentos são meus amigos. Dizem que caçador e pescador são mentirosos...
    -São os que têm mais causos...
    -Aprendi a contar causos em noites de velório. Você é de Jetiá... Conhece um curandor assim-assim? Ele é vivo?
    -Já morreu...
    -Era meu amigo... Jetiá foi a cidade que  mais tive mulher na minha vida. Já ouviu falar da Virgínia e suas três irmãs, que tinham zona na saída velha que vai pra Santo Ângelo?
    -Já ouvi falar...
    -Eu trabalhava de construtor. Fazia casas e ganhava bastante dinheiro. O que o pau não comeu aplicava em terras. Nasceu em Jetiá?
    -Em Itaqui, mas registrado em Jetiá. Até os oito anos me criei perto de Cristo Rei, interior de Santo Ângelo...
    -De Cristo Rei saí aos vinte anos, quando fui servir no Exército. Ouviu falar de Fulano, que tinha lá um bolicho? 
   -Não me recordo. Moramos lá de 61 até 68.
  -É, nessa época ele já tinha morrido... Conhece Colônia Medeiros, quem vai pra Catuípe? 
    -Já passei por lá...
    -Tenho lá trezentos hectares. Meu filho mais velho é que toma conta... Fiz muito vinho e cachaça. Ainda tenho alambique. Mas não lido mais com isso. Faz dois anos que não bebo. Desde que me deu o primeiro derrame. Mas um sobrinho meu, lá de Jetiá, levou cinco mil quilos de uva e fez um vinho muito bom nas minhas pipas...
    Nisso sentou-se, na ponta do banco que há pouco ficara vago,   um casal de idosos.
   -Esse aqui é meu vizinho - aponta com o polegar o caçador, indicando o senhor que recém chegara. -A gente chama ele de Tatai. É viúvo de duas mulheres. Agora juntou uma terceira pra colocar as calças nele, por que não pode fazer sozinho, já teve três derrames.
   Olhei cautelosamente para o casal e notei que o tal Tatai sequer moveu um olho. Talvez fosse  surdo, ou indiferente ao que falava seu vizinho. Quanto à sua companheira, também não se importou; aparentemente. 
   -Eu sou assim - continuou o ex-construtor, - sempre falo a verdade. Conheço todo  mundo aqui. De toda a minha família sou o mais velho. Nunca enganei ninguém. Só mulher. Eu chegava tarde de algum lugar, e se uma reclamava de alguma coisa, eu tirava pra fora e dizia: "Olha bem aqui. Tá faltando algum pedaço?"
    Percebi que três senhoras no banco da frente,  que antes cochichavam, começaram a balançavar-se, discretamente, num riso abafado.
   -Ah... A gente tem momentos na vida que nunca mais voltam... O senhor acredita em benzimento?
   -Acredito.
   -Dizem que mais vale a fé do que o pau da barca. E é verdade. Eu acredito. Não em "chapoeirão".* Agora, tem benzedor que cura mais do que doutor. Eu não tenho osso que não tenha sido quebrado. Tive pulmão perfurado. Pernas e braços quebrados. Um carretão carregado cruzou por cima de mim, sobre o peito. Mas dessa vez só me machucou o braço. (Com a mão esquerda toca o braço direito, logo abaixo do ombro.) Sou ruim e protegido. Mas não puxo briga com ninguém. Sou pelo que é certo.  E não tenho medo de assombração - arrematou ele, num tom velado em monocórdio, como se estivesse no confessionário, ou atrás de um palco fazendo a última leitura de um script.
   
   Surgindo por uma porta lateral do púlpido, envolto numa batina preta,  o pastor logo deu início ao ato litúrgico de corpo presente. E o senhor que se dizia renegado, quedou-se ante a voz de um jovem possante de cabelo louro, bem escovado, que num tom agudo, mas severo,  alçou suas admoestações sobre a superfície encrespada de cabeças contritas. E as advertências, feito pássaros de fogo, revoavam no alto da nave,  passavam pelas basculantes das janelas, elevavam-se  entre os roliços galhos do impressionante guarapuvu,  para então  diluirem-se   no azul da tarde, que lentamente se esvaía...        
   

                                                                      
                                                                    Maio de 2008.
  

*Charlatão.   
   

domingo, 13 de maio de 2012

SELMIRO


     Selmiro vende vassouras. Vassouras de palha. Vende, faz, e planta. Isto é, cultiva a cerda, de que é feita a vassoura.
     -Qué comprá vassora, vizinha?
     Alto, magro, melena amarelada a escorrer pela nuca, ele próprio fazendo lembrar um desses utensílios imprescindíveis na lida doméstica: a vassoura.
     Boné vermelho, camisa verde, bateu palmas no portão: Qué comprá vassora, vizinha?  A mulher foi lá, conferiu a mercadoria, perguntou quanto, ele respondeu alguma coisa.
     Enquanto ela voltava pra pegar o dinheiro, dei uma pausa no meu trabalho e fui ver de perto as vassouras que aquele sujeito delgado (não sabia que se tratava do Selmiro) balançava contra o azul da manhã de sábado.
     -Die Besen,*- murmurei ao me aproximar do portão.
     -Ja. Neue Besen kehren gut,**- e um largo sorriso pôs à mostra uma dentadura novinha em folha.
     -Aber gewiss,***- respondi. -Quanto?
     -Sete real cada uma.
     -As duas por doze?
     -Não, não posso. O prego e o arame um olho da cara. Mas por treze eu faço.
     Eram vassouras grandes, largas e rijas.  A costura bem apertada. Quando a mulher voltava com o dinheiro, avisei que íamos ficar com as duas.
     -Qual é seu nome? - perguntei, confesso, por perguntar.
     Numa voz áspera e fina, respondeu-me alguma coisa que, pela minha expressão, dever ter percebido que eu não tinha entendido direito. 
     -Selmiro. Com s, - esclareceu ele, como se eu tivesse confundido com Delmiro, Olmiro, ou sei lá. 
     -Selmiro com s, repeti, achando graça. -E mora aonde, Selmiro? Independência? Interior?
     -Sim. Perto da propriedade do pai do professor (cujo nome não recordo agora).
     -Você mesmo faz as vassouras?
     Ele próprio as fazia. Com a ajuda da mulher. E também plantavam (as cerdas).  compravam o cabo, prego, arame e barbante. O resto era com ele e sua esposa. E um outro largo sorriso de satisfação iluminou aquele semblante castigado pelo trabalho de sol a sol.
     -Agora a vizinha ali vai ficá pra otra vez...
     -O quê?
     Uma moradora do outro lado da rua ficara de comprar uma vassoura "na volta", porque o marido não estava, ele que tinha levado o dinheiro.
    -Não senhor. Não podemos deixar a vizinha sem vassoura.
     E devolvemos uma.
     Neste mundo conturbado e poluído, onde grassam  a ganância e o egoísmo, Selmiro (com s), mais sua esposa, produzem oportuníssimas vassouras. Sem prejuízo da graça e leveza, são reforçadas e consistentes, pré-requisitos fundamentais para esses instrumentos que promovem o almejado bem-estar doméstico. E custam apenas sete reais a unidade. Ou duas por treze. Não por menos, porque o prego e o arame "tá um olho da cara".


                                                Março/2009   
    
    
  *    - As vassouras.
  **  - Sim. Vassouras novas varrem melhor.
  ***- Certamente.   
      
   

terça-feira, 8 de maio de 2012

NA PRAÇA 10 DE AGOSTO

     Na Praça 10 de Agosto, em Santa Rosa, José Ercílio, com mais dois colegas, mantêm um ponto de taxi.
     Nas horas em que arrefece o movimento de passageiros (o que acontece na maior parte do dia), ficam com algum amigo ou conhecido contando causos para passar o tempo.
     Em pé na calçada, ou sentados em algum banco ao lado do passeio, desfrutam a sombra de um pé de jambo, que no
fim do inverno é carregado de frutas ácidas.
     -Tem gente que gosta - conta Ercílio, referindo-se ao fruto. - Colocam na cachaça. Aliás, pra misturar com
cachaça quase tudo serve. Tenho um compadre que mora
em São Luiz Gonzaga que é louco por  uma misturinha. O que você imaginar e o que nem imagina que é possível misturar com cachaça ele prepara  e oferece quando  alguém chega na casa dele. Só não peça caipirinha. Não quer nem ver limão. Diz que é muito prejudicial pra saúde. Quando ouvi isso, dei risada. Ele ficou sério e contou que quando era novo experimentou de tomar caipirinha na casa de uns parentes de uma namorada dele. E o homem foi fundo. Olha, virou um baita xaropão. Começou a importunar as pessoas, ofender,  deu um comichão no corpo do vivente, e não sossegou enquanto não deram uma sumanta de laço no  
lombo do compadre. Ficou uma semana de cama. No hospital, contou pro médico que fazia tempo que bebia 
mas nunca lhe fez mal a cachaça. Mas com limão tinha sido a primeira vez. Então o doutor falou: "O limão é que faz 
mal. E agora esta comprovado."

                                                     
                                                 Maio/2008    

domingo, 6 de maio de 2012

A PESCARIA DOS TRÊS COMPADRES







Três compadres resolveram pescar. Era um domingo, meia tarde, depois de um fabuloso almoço que teve carne assada, salada à vontade e muita cerveja. Só escuta.
O primeiro compadre, dono da casa, que é tarado por pescaria, convidou o segundo, que também é, que convidou o terceiro, que aceitou só para não fazer desfeita. Juntaram iscas, anzóis, umas de pinga e, deixando em casa mulheres e filhos tomando mate e beliscando guloseimas na sombra da varanda, lá se foram estrada afora num fiatzinho 147 preto, por sinal bastante judiado mas que levava no pára-choque traseiro a seguinte conclusão a que o dono chegara: Quando a galinha é boa o pinto não falha...
O motorista era o que estava menos bêbado: tinha tomado só 1/2 dúzia de cerveja. Era janeiro e fazia um sol de rachar. Tinham patrolado a estrada e havia muito pó e pedra solta. No carro, que pulava que nem cabrito quando foge, bebiam e davam risada. Só escuta. E lá pelas tantas, no meio de um cerro, o cabritinho tossiu, tossiu e se acrocou. Com um pé no freio e outro na embreagem, o motorista beliscava que beliscava na chave e o cabritinho nem-te-ligo. Tentou mais uma vez e nem sinal. Botou em ponto-morto, e veio de ré. Não deu outra: caíram numa baita sarjeta. Por sorte ninguém se machucou (Santo Onofre sempre acode bebum). E logo apareceu um trator. Rebocaram o cabritinho até a ponta do subidão. No lançante conseguiram dar arranque. E tocaram.

Dali uma distância pegaram uma estradinha que descia até uma biboqueira: era o caminho que conduzia ao rio Cascavel, onde um dos compadres dizia conhecer um pesqueiro que dava jundiá e taraíra em quantidades.
Debaixo de um timbozal atracaram o veículo, e apearam. Dividiram linhas, iscas e se enfiaram mato adentro. O sol já estava caindo e os passarinhos faziam algazarra.
Na beira de um poço ficou um compadre aqui, outro ali, e o terceiro mais distante, rio acima. Os peixes logo começaram a beliscar. E de vez em quando alguma corrida, mas taraíra ou jundiá, que é bom, nada. Então aquele que não sabia nadar, pra bem de usar um anzol de fisgar tilápia, resolveu procurar outro poço, que era mais profundo. Só escuta. E não adiantaram avisos dos companheiros. Por teimosia ou má conselho da malvada, o camarada desapareceu dentro de uma bossoroca que conduzia as águas da chuva até o rio. E mandou minhoca n'água. O terceiro compadre, que estava no alto, só olhava.
Escurecia. Sapos e rãs numa ladainha sem fim.
Então de repente, se ouviu um grito:
-Olha a cobra!
Aquele que estava lá embaixo se vira, e dá de cara (digamos assim) com uma quatiara de quase um metro, que já preparava o bote. O índio dá um berro, balança e -tchimbum!- na água. Pronto. Era só o que faltava! E agora, meu amigo. Saia dessa!  Só escuta. O homem se batia, gritava, afundava, se afogava, aparecia e sumia de novo. O outro, também apavorado, despencando pelo barranco gritava: Já vou! Já vou! E o terceiro compadre,  ouvindo aquele tendéu todo, achou que eles faziam aquele alarido por terem pego algum peixe extraordinário, e perguntava:
-É grande? É grande?
-Fulano caiu na água! Ajuda aqui! - gritou o segundo.
Deu um trabalhão, mas conseguiram fisgar o afogado pela cinta da calça, usando pra isso um varote de canela-de-veado. O vivente se salvou. Mas vomitou um tanque de água barrenta.
E já que estava escuro, e tinham esquecido de colocar querosene no lampião; e como não tinham pegado nada, e por estarem encharcados, resolveram voltar pra casa, antes que acontecesse o pior.
E na volta abriram a última de pinga e caçoavam do afogado: Mas era grande o peixe!... E quá, quá, quá!
E o cabritinho parecia que ia se desmanchar no cascalho, a estradinha iluminada por um único farol.
E assim encerramos a presente aventura dos três compadres, que retornaram sem peixe, é verdade, mas salvos e (quase) sãos.
Alguém poderá  perguntar: E a cobra, afinal, que fim levou? Mataram, fugiu? Mais o que aconteceu foi o seguinte: um dos compadres pretendia apenas dar um susto no outro; e a quatiara que este viu não passava de um pedaço de meia-calça enroscado num galho de  unha-de- gato. O que faz a cachaça...

                                               Dezembro de 2007